ÁREAS QUILOMBO CAMPO GRANDE

A região Sul de Minas Gerais era marcada por tais características, como: monoculturas de cana de açúcar, senhores de engenho e negros escravizados resistindo aos abusos e explorações. O território que hoje compreendemos como Acampamento do Quilombo Campo Grande, organizado pelo MST desde 1998, era realmente um grande quilombo. 
O historiador e advogado Tarcísio José Martins reuniu documentos sobre o período colonial desse território e os publicou em 1995 no livro “Quilombo do Campo Grande: A História de Minas que se Devolve ao Povo”, o qual foi reeditado em 2017. Esse quilombo se estendia do Alto do São Francisco, Alto Parnaíba, Triângulo Mineiro, Centro-Oeste e Sudoeste de Minas Gerais, com 27 núcleos entre escravos libertos que compravam sua alforria através da mineração, fugitivos, e migrantes, compondo um quilombo maior que o Quilombo dos Palmares no Nordeste. 
A escolha do nome do Acampamento pelo MST, portanto, já demonstra o caráter histórico e político em manter viva as raízes daquele território. 

A ocupação parte então de camponeses que tiveram suas vidas e direitos violados e buscaram assim construir uma vida digna nas terras que estavam ambientalmente destruídas pela monocultura da cana, economicamente inutilizada e socialmente mal distribuída.
As primeiras ocupações de terras ocorreram em 1996 na Fazenda Jatobá com presença de 35 famílias, e partiram dos próprios trabalhadores e auxílio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campo do Meio, como parte das ações de greve geral de 100 dias que iniciaram em 1995 (MOREIRA, 2017). Ainda em 1996 ocorrem mais duas ocupações nas áreas da Fazenda Jatobá: uma em 1997, com 50 famílias, e outra em 1998, com 60 famílias.
Dessas ocupações, em 1998, é criado o Assentamento Primeiro do Sul, por meio do processo de desapropriação e com capacidade de 42 famílias. Em 2012, mais uma parte do território foi regularizado, com a criação do Assentamento Nova Conquista II, com capacidade para 12 famílias.